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Anne e/ou Nina - Duas Criativas

Estou para aqui (mais uma vez as tantas da noite), a trabalhar num projecto que pretendo entregar nas próximas horas, e dei por mim a pensar - Afinal o que é o processo criativo?
Não será apenas um estado de espírito que nos permite fazer algo durante um tempo infinito, sem nos sentirmos cansaço??

O que é? Ataques de inspiração? Ideias brilhantes? Conhecimentos transbordantes? O que é afinal?

Durante a construção de um documento de grande importância para a minha pessoa, dei por mim a ter mais necessidade de ajudar os outros do que a mim mesma - posso-lhe chamar criatividade? Afinal não me consigo dividir em múltiplos pontos...

E é neste momento que dou por mim a olhar para um livro, que nada tem a ver com o meu processo criativo, ou lá o que é, mas que é sobre alguém que teve de ser suficientemente criativo para que as suas ideias e pensamentos chegassem aos nossos dias. Falo de um livro de uma autora russa (chamemos-lhe assim), e que já tive o prazer de dar a conhecer o seu ultimo parágrafo numa outra rede social - Nina Lugovskaia.

Caracterizada como a Anne Frank soviética, o diário desta adolescente soviética foi descoberto nos arquivos do KGB, produzido em livro - Eu Quero Viver.
Não pretendo atribuir-lhe qualquer carácter político. Mas falando em criatividade, não terão estas duas meninas, no auge da degradação das suas vidas, tido ataques de criatividade que permitiram ao mundo conhecer as realidades dos piores anos da Europa, através dos olhos de duas meninas.

Há semelhança de Anne, Nina apresenta um testemunho impecável, arrepiante. Apaixonante.

Para aqueles que não gostam de livros com muitas páginas, e que nunca quiseram ler Anne Frank pela dimensão do seu livro (acontece, todos nós sabemos disso), aconselho verdadeiramente a leitura de EU QUERO VIVER. POis não só é um testemunho real, como é cativante e muito fácil de ler.

E juro que não foi de proposito que coloquei este post no dia que faz anos dos atentados em Nova Iorque - mas desculpem-me, também os povos retratados nestes livros sofreram grandes atrocidades, e isso não justifica todo o mal que se acaba a fazer em nome do poder (aliás, foi por isso que Alemanha e União Soviética acabaram por cair).

Não defendo terroristas, mas não apoio actos não explicados. Agora imaginem, num futuro próximo, livros semelhantes a estes - uma jovem americana sobrevivente dos ataques de 11 de Setembro, e uma Iraquiana ou Afegã que tenham sobrevivido à queda ou invasão dos seus países.... Como será?? Mais histórias criativas, ou histórias evitáveis??

Aproveitem o momento. A vida só se vive uma vez... Não a desperdicem com inutilidades...

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