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Dança mal escrita

Passando ao largo do jardim, ela sorria livremente ao dia. Era meio dia. Caminhando alegremente pela cidade, não previa o que lhe viria a acontecer. Ela voltou a sorrir. O vento mudou, e nesse mesmo instante, ela sentiu um aromatizante perfume de embalsamento. Ela sorriu-lhe pela primeira vez. Ele não viu. E tal como o vento a vida dela mudará naquele exacto momento.

O sorriso era-lhe desconhecido. Ele desconhecia a alegria, e ignorava o brilhar das estrelas. Era meia noite. Ele deambulava sobre as estranhezas da vida, pensando que nada iria correr bem. Ele não sentia nada. O vento mudou. E subitamente sentiu um aroma que o fez libertar um sorriso. Ele estava vivo. Que encantadora sensação odorífica se aproximava. Ele sorriu-lhe, penso ser pela primeira vez. Ela encantava-se com os estrelar do céu. Ela não viu. A vida dele mudou, ganhou significado. Já nada seria igual.

Como muitos autores escrevem. Os anos passaram, eles envelheceram à medida que seguiam suas vidas, e nunca mais se encontraram.

Ela vinha da padaria, mas as suas débeis forças já mal lhe permitiam segurar o pequeno saco do pão. Mas ela já não sorria.

Ele, dirigia-se em sentido contrário, vindo da mercearia, havia ido buscar frutas coloridas para lhe preencherem a alma. Ele sorria sem esforço e com vontade.

Nesse instante, e contrariando tudo o que se havia ignorado até ali. Não havia vento.

As sombras das suas forças, fizeram-na deixar cair o seu saco de pão. A rua parecia vazia. Mas não. Ele avistando estranha fraqueza, correu a auxilia-la. Ela viu. Ele reconheceu. Ambos sorriram. Ele perguntou:
- Como se chama?
- Chamo-me Anne Dansa. E o senhor?
- Chamo-me Contra Dança.

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