De tempos a tempos tenho em mim um sentimento de angústia e desistência
que extravasam os meus limites humanos. Não sei porque são provocados, mas
apenas me apetece estar sozinha, sem ver nem ouvir ninguém, como se visse que
estou integrada num mundo que não quero estar.
Tudo me incomoda, e tudo me dá pena, nada está certo.
Hoje estou assim. Apenas me apetece chorar, desespero pelo
abraço daquelas duas pessoas: os meus pais. E mais uma vez estou longe para
eles mo poderem dar. Isolo-me e não quero contactos alheios. Tudo está mal,
nada bate certo.
A minha situação profissional actual, cada vez mais me
angustia e me frusta, sinto-me de pés cortados, e mãos esquartejadas. O mundo
rui e eu nada posso fazer. Mais uma vez preciso sair daqui. Mas todos os gritos
que lanço são em vão, caem sobre terra como se gritasse no meio do deserto. Ninguém
tem culpa, apenas eu. Devia lutar mais, até acabarem as forças, até extravasar
o espírito, mas já não tenho força.
Porque não podemos ser concretizados nos nossos planos,
porque temos que ser aprisionados num momento que não queremos, porque não conseguimos
ser felizes, realizados e amados. Nem amado consigo ser.
Não é porque não me dêem amor, muito pelo contrário, recebo
bastante, mas sinto-me sozinha, e é como se esse amor bate-se numa parede e não
chegasse até mim. Algo o barra a meio. Vejo-o mas não o sinto.
Deixem-me voar, estou cansada de estar enjaulada, tirem-me
daqui antes que enlouqueça, antes que faça algo menos pensado, antes que
desista de mim.
Quando vou conseguir ser realizada nos campos que mais
prezo: profissional e idealista? Quando assim conseguir, talvez estes
sentimentos que me atravessam de tempos a tempos, desaparece-se.
Não sei que diga nem que sinta, mas assim não dá.
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