Quantas vezes damos por nós a sentir que não precisamos falar para que os outros nos compreendam? Tantas e nem damos conta.
Contudo, a sociedade em que vivemos (e entendamos por “sociedade”, neste caso em especifico, todos aqueles que directamente nos rodeiam) tem dificuldades de comunicação muito para além da linguagem falada. Ninguém vai compreender que o que para uns é algo simples, para outros pode ser a machadada final de um culminar de sentimentos depreciativos para consigo, levando a um estado de rotura em que até os olhos deixam de comunicar.
Alguém disse um dia “um sorriso esconde uma lágrima” – a grande maioria das pessoas sente-se sozinha, sem rumo, sem vontade, sem forças para se levantar, resignando-se a uma situação que pensam ser a sua por algum tipo de castigo – mas não é preciso ser relembrado das formas mais caricatas de que estas numa situação que não queres estar.
Contudo, as reacções consequentes são, na sua maioria, consideradas como um capricho, uma criancice, um egoísmo incompreendido. Não é isso, é o desabar de um mundo que já não existe e que tentas levantar com algo que todos te impossibilitam de começar a construir. Eles não sabem, eles não passam nesses pontos, pois se os passassem irão valoriza-los, mas cada um faz as suas escolhas – nem sempre as correctas.
É certo que cada um deverá assumir as consequências dos seus actos, não têm que ser os outros a fazê-lo quando já o fazes de forma automática.
Contudo, e como te sentes inferior socialmente, quando acusado de determinados prismas, dás contigo, mais uma vez, a ceder a algo que não tens força para aguentar, para resistir, e que só vai ajudar a aumentar o teu nível de insatisfação individual e social, levando-te aquele estado de constante resignação, mesmo que para os outros continues a ser uma pessoa arrogante, intolerante, egoísta e infantil.
Deveríamos trocar todos de vida durante um dia, sentirmos na pele o lugar que os outros ocupam, e então a compreensão a partir do olhar mudaria drasticamente.
Não pediremos tanto, vamos ser infelizes por mais um momento, só para não termos que voltar a ser acusados das maiores atrocidades sociais.
Às vezes mais vale não ver, não ouvir, e assim não sentir. São sempre os mais próximos que nos apoiam, mas também os primeiros a atirar a cara a situação em que te encontras – “foi culpa tua, foram as tuas escolhas” – sim foram, e??? ninguém é prefeito e todos batemos com a cabeça para aprender, uns mais do que outros, mas nenhum com o direito de fazer sentir o outro medíocre, mesmo que não seja essa a intensa. Mas possivelmente o estado já está caótico. Mas ninguém vê – afinal não conhecem assim tão bem.
Não culpemos ninguém, não queremos magoar ninguém, apenas se tornou numa situação de implosão constante, de abismo sem chão, de caos sem multidão. Pois tudo deixou de fazer sentido, e agora apenas funcionamos como máquinas sociais, em que já nem sentimos em que ponto esta o nosso desgaste psicológico, em que já nem conseguimos explicar sentimentos e emoções, porque o ultimo pavio se apagou.
Desculpem aqueles que pensam que os nossos actos são propositados, e que não conseguem ler entre um sorriso dos lábios, o vazio dos olhos. Os sonhos terminarão, tornaram-se numa utopia da vida sem sentido.
Gostava de voltar a recuperar a emoção e o brilho, mas neste momento já não dá mais… Vou ser uma máquina social, sem criticar aquilo que me “sugerem”, para que não tenha de magoar, nem de ser “infantil”.
É por isso, que o olhar tem deixado de ser uma forma de comunicação…
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