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Intempéries dos indigentes

Passam anos, passam pessoas, passam momentos, passa tudo... Mas as memórias ficam.
À um ano trás tudo mudou, a persistência do ser desmascarou o malogrado sentimento de poder e invencibilidade. Destruíram-lhe a alma, deram cabo da confiança, tiraram-lhe a dignidade, lavaram-lhe a alma de nojo e ódio. Deixaram o chão fugir e cair em  desgraça. Ninguém saberia ao certo a sensação do tempo, Ninguém saberia o amargo da desilusão. Ninguém compreenderia a sujidade da alma e o desagrado da insurreição.
E agora nada poderia ser feito, nada poderia ser mudado. Pediam-lhe que segui-se em frente e despejavam-lhe os argumentos de quem não sabia do que falavam - falar e saber não é sentir e viver- ninguém percebeu isso, ninguém quis continuar a desgraçado do MalAmem.
Agora deixem-na cair na tentação dos corpos, imundos de injurias e insatisfação.
Façam-lhe a vontade, e deixem cair os anjos, deixei-se levar pelas trevas, e encarnei-nem no que são - pedaços de carne. A descrença no ser humano não é um desabafo, é uma realidade. Porque em quanto uns matam, outros tiram dignidade e dão humilhação - mais valia matarem.

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